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Conquista, empoderamento e representatividade: como a escolha de uma Miss Brasil - Negra – incomodou muita gente – racista.


No sábado, 19 de agosto de 2017, ocorreu a competição de beleza que elege a mulher mais bela do país, o Miss Brasil. A grande vencedora da 62ª edição do concurso foi Monalysa Alcântara, representante do Piauí, que deixou 26 concorrentes para trás.
A jovem de 18 anos, estudante de administração, nordestina e negra é a terceira missa Brasil negra das 62 edições, a primeira foi Deise Nunes (1986) e a segunda Raissa Santana (2016), e pela primeira vez a coroa foi passada de uma mulher negra para a outra da mesma cor.

A candidata, agora a miss Universo que vai representar o Brasil, tem consciência do que representa para as mulheres negras do Brasil e mundo, principalmente crianças que precisam de exemplos positivos como o da jovem para crescerem com autoestima, não depreciando suas características negras como cabelo encaracolado ou crespo, nariz, boca e cor da pele.


Durante a competição a Miss Brasil 2017 falou que,
"Através da minha história, vou ajudar as mulheres negras a se acharem mais bonitas e mostrar que elas são capazes de seguirem seus próprios sonhos, assim como eu segui o meu".
Além disso, Monalysa Alcântara é referência sobre produtos e cuidados com cabelos crespos e cacheados:
"Tenho uma ligação forte com temas que envolvem o poder feminino. Por ser mulher negra, passei por situações preconceituosas que me fizeram amadurecer e superar as dificuldades com determinação", falou a Miss Brasil.
A escolha da miss Brasil vem gerando muita discussão, muitos inconformados estão expondo suas “opiniões” sobre a conquista da jovem. O que devia ser um rompimento de paradigmas, um meio de empoderamento e representatividade para as mulheres negras, está sendo alvo de insultos racistas disfarçados de “opiniões”.
Os familiares falam sobre o preconceito que a Miss Brasil 2017 sofreu durante a infância e continua sofrendo pelos cabelos e cor da pele:


"Os comentário maldosos não desanimavam, ou pelo menos ela não deixava transparecer. era muito confiante. quando ela participava de concursos, nós ficávamos mais nervosos do que ela e ela que nos tranquilizava dizendo: 'vai dar tudo certo'. No Miss Brasil não foi diferente, saiu daqui dizendo que ia ganhar o título e ganhou,", declarou Erielma de Jesus, tia da Miss Brasil.




Em um país como o Brasil, que respira o mito da democracia racial por ser miscigenado, ataques racistas na internet como os ocorridos com a Miss Brasil 2017 são comuns, dessa forma o racismo à brasileira pode ser considerado muito diferente ao racismo explicito que ocorreu em Charlottesvill, o preconceito racial ainda é mascarado em nosso país, mas índices de violência, morte, saúde, acesso e permanência à educação da população negra nos mostram que o ocorrido nos Estados Unidos não está tão distante da nossa realidade, são apenas conjunturas sociais e históricos diferentes.



Fontes:
Miss Brasil Be Emotion. Disponível em: <<http://missbrasil.beemotion.com.br/misses-estaduais/miss-piaui/>>.



Sobre a autora:
Texto escrito por Andressa Queiroz da Silva, pesquisadora do Observatório de Discriminação Racial do Estado do Acre. Bacharela em Serviço Social pela Faculdade da Amazônia Ocidental - FAAO (2015). Especialista em Famílias e Representações Familiares pela Faculdade da Amazônia Ocidental - FAAO (2016). Graduada no curso de Licenciatura em Letras Português na Universidade Federal do Acre - UFAC (2016). Formada no curso de Aperfeiçoamento em Política de Promoção de Igualdade  Racial na Escola - UNIAFRO / UFAC (2016). Atualmente cursa a especialização em Estado e Direito dos Povos e Comunidades Tradicionais na Universidade Federal da Bahia - UFBA.

Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K8349134Z6

Comentários

  1. Excelente texto Andressa. Por mais que se tente disfarçar o racismo no Brasil, ele se sobressai em várias situações do dia a dia. Os lamentáveis comentários nas redes sociais sobre a vencedora do Miss Brasil 2017, são apenas manifestações desse racismo velado. Parabéns a Monalysa Alcântara por entender a dimensão do racismo brasileiro e não se curvar ao mesmo!

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  2. Uma ótima intervenção, Andressa! Parabéns!

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