No dia 06 de maio de 2018, aconteceu o 2º
encontro do Grupo: Cachos e crespos florescendo, em forma de picnic no Horto Florestal
– Rio Branco/Ac, sob a iniciativa de Pâmela Rodrigues.
E como um emaranhado de beleza, o encontro
proporcionou as participantes muitas trocas de saberes. O grupo é bastante
heterogêneo. Há quem nunca fez nenhuma química no cabelo, há que já passou pela
transição e quem está ainda neste processo. Foi no momento das apresentações
que todas puderam falar um pouco de suas experiências.
O
encontro deu inicio com um café da manhã. Mas antes mesmo do café, houve uma
conversa rápida com a apresentação de todas as participantes, onde cada uma
pôde externar as suas próprias vivências. Algumas citaram suas dificuldades no
processo de transição, momentos de indecisões, apoio dos familiares e
perseverança. Outras relataram tempos do colégio, risadinhas e apelidos por
conta da cabeleira alta. E do mesmo modo, foi citado às varias propostas
recebidas para alisar o cabelo quando se chegava num salão de beleza. Não
obstante, outras revelaram que sempre assumiram os cachos, pois faz parte da sua
própria identidade. Também houve participante que se mostrou bastante resistente
ao capitalismo exacerbado e o aparato midiático que sempre impôs tendências/modas
(cabelos lisos) as mulheres, com ideias de cabelos mais “modernos”.
De certo, o cabelo liso veio com
muita força no final da década de 90, e com isso todas as mulheres passaram a
ter, procurar e desejar o cabelo chapadinho. Com isso foi feito por muitas, o
alisamento, relaxamento e o uso das mais variadas químicas. Contudo essa febre
tem atualmente caído, pois o que efetivamente tem caído no gosto da mulherada é
a volta dos cabelos cacheados. Principalmente pelas diversas facilidades
encontradas no mercado atual, além da amplitude de profissionais capacitados
para cuidar dos cabelos crespos.
É fundamental que ao invés de se adaptar
ao meio, cada um se adapte a si, e assim seja feliz consigo mesmo, sem perder a
raiz cacheada, é claro! Afinal, “o cabelo é não apenas como parte do corpo
individual e biológico, mas sobretudo como corpo social e linguagem; como
veiculo de expressão e símbolo de resistência cultural”. (GOMES, 2006, p. 07)
Este processo de resistência colocado pela
autora Nilma Lino Gomes é uma tentativa de não se colocar como inferior ao
outro cabelo (considerado melhor). Segundo a autora, “o cabelo negro, visto
como “ruim”, é expressão do racismo e da desigualdade racial que recai sobre
esse sujeito”. E este olhar demasiado hegemônico faz propagar a ideia do “bom”
e “ruim”. Ademais, ela expõe que: “ver o cabelo do negro como “ruim” e do
branco como “bom” expressa um conflito. Por isso, mudar o cabelo pode significar
a tentativa do negro de sair do lugar da inferioridade ou a introjeção deste.
Pode ainda representar um sentimento de autonomia, expresso nas formas ousadas
e criativas de usar o cabelo”. (idem, p. 08)
Enfim, o encontro proporcionou muitas trocas e fortalecimento.
E finalizou com o sorteio de brindes as participantes. E esperamos que tenham
muitos outros encontros.
Fotos: acervo pessoal
Sobre a autora:

Texto
escrito por Iara Castro Almeida, graduada em Licenciatura em História pela
Universidade Federal do Acre – UFAC, bacharela em Pedagogia pela UNINTER.
Possui Aperfeiçoamento em História e cultura dos povos indígenas (UFOP) e é
mestranda em Letras: linguagem e identidade (UFAC). Pesquisa a Implementação da
Lei n 11.645/08 com foco na temática indígena.





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